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Termo originalmente usado no mundo coorporativo, chega ao universo do comportamento familiar. Excesso de tarefas e falta de energia são comuns na maternidade, o problema é sentir isso o tempo todo
O termo burnout pode ser traduzido por “ser consumido pelo fogo”. A partir da década de 80, autores como Maslach passaram a usar esse termo para designar a síndrome decorrente da exaustão emocional humana, condição em que o sujeito tem suas energias consumidas.
Entre as principais características do problema estão a sensação de sobrecarga emocional constante e de esgotamento físico e mental. A síndrome de burnout, inicialmente relacionada ao universo do trabalho, hoje também é aplicada a mães que sofrem de uma exaustão emocional ou uma resposta inadequada em que o resultado pode ser uma situação de estresse crônico.
“O burnout materno pode ser caracterizado pelo estresse prolongado, relacionado não só aos cuidados maternos, mas pela maneira como a mãe exerce as múltiplas obrigações nos primeiros anos dessa fase de vida”, afirma Mônica Cereser, médica psiquiatra, autora de livros sobre maternidade e mãe de 3 filhos.
A especialista conta que outros sintomas da doença são sentimentos constante de culpa, estresse relacionado, administração do tempo, excesso de pessimismo, exaustão, mesmo após um período de repouso, sentimento de fracasso e impotência, irritabilidade sem motivo aparente, falta de interesse ou prazer em cuidar do filho, baixa autoestima, tristeza, medo e insegurança.
No caso das mães com burnout, os transtornos não são causados apenas pela maternidade em si, mas pela maneira como esse momento está sendo vivido pela mulher e pela sua família. A maternidade traz consigo uma responsabilidade “para o resto da vida e em todos os momentos”, o que pode gerar também uma preocupação constante e, por vezes, angustiante.
Além de ser um momento por si só difícil, a mulher está lidando com alterações hormonais e fisiológicas corporais e cerebrais. Longos períodos de sono intranquilo, novas atribuições e muita expectativa em relação às mudanças desse novo momento da vida.
“O burnout não é apenas cansaço. A mãe esgotada fica fissurada nas suas tarefas diárias, tensa para dar conta de tudo. Pequenos problemas podem ser o gatilho para o desequilíbrio emocional. Sentir-se cansada ao final de um longo dia é natural, desde que a exaustão não vire rotina e fazendo com que a mãe perca seu interesse e motivação por coisas que antes gostava de fazer”, conta Dr. Mônica.
Por isso ter uma rede de apoio sólida é imprescindível para que as mães possam passar por esse momento de vida, de forma mais tranquila. A rede de apoio auxilia não apenas nas tarefas diárias, mas também nos aspectos emocionais que estão envolvidos. Ela sinaliza que além da rede de apoio, um bom caminho é se aceitar, se acolher, buscar ferramentas para promover a saúde mental e então passar a agir de modo diferente. “Os temas que proponho são os pilares do meu trabalho junto ao grupo MAM - Mães que ajudam mães, com quem tenho grupos criados em Jundiai, interior de São Paulo”, conta.
O MAM funciona presencialmente e online e nesse lugar seguro as mães conseguem encontrar conforto e orientação para compartilhar experiências e obter orientações.
Sobre a profissional
Especialista em psiquiatria de crianças, adolescentes e adultos há 30 anos, a Dra. Mônica Geisa Cereser é formada em Medicina pela PUC–Sorocaba e especializou-se em psiquiatria geral na Santa Casa de São Paulo e em psiquiatria da infância e adolescência no Hospital das Clínicas da USP. Entre as publicações da psiquiatra estão a monografia "Relação entre estresse, TPM e raiva" e o capítulo “Psicoterapia para adolescentes” do livro Adolescência Normal e Patológica em parceria com o Prof. Dr Francisco Assumpção Jr (HCFMUSP).
É autora também do guia “Se eu soubesse”. Obra publicada no ano passado, em que unindo a experiencia clínica e certa perspicácia pessoal, ela compartilha ‘insights’ valiosos e transformadores. Escrito de maneira leve e objetiva, com testes práticos, o guia é indispensável as mães em todas as fases, oferecendo conselhos reconfortantes para as mães enfrentarem os desafios com confiança e serenidade.
A profissional também participou do desenvolvimento do livro infantil “Que dia é Hoje?” em parceria com Maria Luiza Sampaio Góes e ilustrado por Marcos Maya, sobre os feriados do Brasil. Do capítulo “Transtornos Alimentares em adolescentes”, no livro “Adolescência: prevenção e Risco”, da Dra. Maria Ignês Saito. Escrevendo um capítulo como coautora do livro “Parentalidade: Educando com equilíbrio ".
É membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, credenciada como Psicoterapeuta pelo Departamento de Psicoterapia da Associação Brasileira de Psiquiatria ABP.
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