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Especialista dá dicas sobre adaptação escolar das crianças no retorno das férias de julho


A noção de tempo das crianças é diferente da dos adultos e retornar das férias de julho pode ser tão desafiador quanto retornar das férias de verão


Choradeira e insegurança. Esses são dois fatos comuns nos primeiros dias de aula, especialmente na educação infantil. E essa fase de adaptação do retorno à escola pode impactar não apenas as emoções dos alunos, mas também de pais e responsáveis e até dos educadores. Segundo Dayse Campos, diretora da Escola Interpares, de Curitiba, o processo de adaptação das crianças ao ambiente escolar é profundamente individual e deve ser acompanhado aluno a aluno.

 

“Cada criança tem sua forma de se adaptar, de se expressar e reagir a novas situações. É papel dos adultos estarem atentos a isso. E é papel da escola estar atenta, ainda, à adaptação, expressão e reação dos pais a esse processo, para poder ajudá-los”. Ela explica que o ambiente ao qual a criança estava inserida no período das férias precisa ser levado em conta nos primeiros dias de aula. 


“Por exemplo, crianças que socializaram menos durante as férias, porque passaram mais tempo com adultos e em casa, podem se retrair nos primeiros dias e isso é normal, é esperado”, descreve a professora. Outro exemplo dado por Dayse é referente às telas. “A maioria das crianças passa mais tempo exposta a telas nas férias, se comparado aos períodos escolares. Então é normal que haja um estranhamento e até uma abstinência relacionada a esse recurso. Sem falar em questões de alimentação e convívio permanente com os pais ou avós. Tudo isso vai fazer diferença nos primeiros dias”.


Com o início do segundo semestre, a Interpares e as escolas em geral buscam promover ambientes acolhedores para as crianças durante o processo de adaptação. “Algumas crianças são naturalmente exploradoras, ansiosas por ambientes novos. Durante a semana inicial, esses pequenos aventureiros dedicam-se a explorar a escola, divertindo-se e entrando e saindo sem derramar uma lágrima. Porém, nem sempre isso é sinal que a adaptação está resolvida”, alerta ela. 


Dayse conta que, à medida que a “novidade” se dissipa, alguns alunos podem sentir falta do ambiente familiar, resultando em uma adaptação tardia marcada por choros e saudades dos pais nas semanas seguintes ao início das aulas. “Nesse momento, vemos os pais ficarem confusos, porque a criança começou o ano letivo bem e depois passou a reclamar. Mas não significa que algo ruim aconteceu na escola. Foi só a euforia dos primeiros dias que passou”.


A leitura atenta dos sinais e movimentos de cada criança é crucial para auxiliar o seu processo de adaptação. Para a coordenadora pedagógica Caroline Brand, o foco inicial da abordagem deve ser garantir a segurança emocional e física da criança. “Isso envolve um processo de conhecer profundamente cada aluno, suas preferências e aversões, estabelecendo uma troca de referências que anteriormente eram compartilhadas com os pais”, detalha ela.


Segundo Caroline, o momento da despedida entre a criança e os pais, na chegada à escola, é considerado um momento crítico e, muitas vezes, a orientação é que essa despedida seja breve. “O preparo começa antes, com a mãe explicando ao filho sobre a ida à escola em um contexto tranquilo. Uma rotina estruturada deve ser mantida para que a criança compreenda o que esperar nos próximos dias. E, no portão da escola, a entrega da criança deve ser feita sem titubear. Se o aluno sente que o pai e a mãe estão nervosos, ele fica também”, explica.


A coordenadora explica que as particularidades e o tempo de resposta de cada criança, e de cada família, devem ser respeitadas durante esse período. “O compromisso da escola deve ser garantir que cada pessoa envolvida - seja o aluno, o responsável ou o educador -  se sinta confortável, apoiado e compreendido.

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